Durante a reunião de lançamento em Guimarães e Braga, o CERN e o PIEP encetaram uma colaboração para desenvolver um isolamento térmico não inflamável, sustentável e acessível, para o Einstein Telescope, o observatório de ondas gravitacionais de próxima geração da Europa.
As ondas gravitacionais — pequenas perturbações no espaço-tempo — foram detetadas pela primeira vez em 2015, originadas na fusão de dois buracos negros. Desde então, centenas de eventos cósmicos foram observados pelos detetores atuais, o LIGO, nos EUA, e o Virgo, na Europa.
O Einstein Telescope (ET), atualmente em fase de projecto, alargará ainda mais esta fronteira: com uma sensibilidade até dez vezes superior à dos observatórios atuais e a capacidade de sondar sinais abaixo dos 10 Hz, explorará um volume do Universo pelo menos mil vezes superior ao atual. Este salto na sensibilidade abrirá caminho para a detecção de novos fenómenos astrofísicos e, possivelmente, de ondas gravitacionais primordiais desde o início do Universo.
O CERN está a contribuir para o projeto do sistema de ultra-alto vácuo do ET, um tubo de 120 quilómetros e 1 metro de diâmetro, onde feixes laser viajam entre espelhos. Para atingir a pressão necessária abaixo dos 10⁻¹⁰ mbar — dez triliões de vezes inferior à pressão atmosférica —, os tubos têm de passar por um processo chamado bakeout: aquecimento acima dos 100 °C durante vários dias para remover as moléculas de água residual.
Para limitar o consumo de energia e temperatura nos túneis subterrâneos, os tubos necessitarão de um isolamento térmico eficaz. É aqui que a experiência do PIEP é fundamental. O centro de tecnologia e inovação português propôs uma abordagem dual considerando espumas termoplásticas adaptadas e material compósito à base de cortiça reciclada, combinando partículas de cortiça com polímeros adaptados, oferecendo resistência ao fogo, isolamento térmico e baixa emissão de poeiras. Durante a reunião de lançamento, a equipa do CERN visitou as instalações do PIEP, a Amorim Cork Solutions — um dos maiores produtores de cortiça do mundo — e o Departamento de Engenharia de Polímeros da Universidade do Minho.
Este projeto reforça o papel de Portugal na vanguarda da inovação científica europeia.